quinta-feira, 3 de março de 2011

Autorretrato

Para trabalhar a questão do autorretrato com as crianças de 5 anos, alunos da Educação Infantil, iniciei uma discussão questionando qual era a cor da pele de cada um. Quase todos me responderam que tinham a pele branca. Comparamos a pele de cada um com uma folha de papel sulfite e com uma folha da cor preta, e todos concordaram que ninguém na sala se parecia com o branco ou o preto.
Apresentei o texto "E o branco?", extraído do livro "O Menino Marrom", de Ziraldo.

E o branco?

E voltou aquela discussão: o que é realmente branco na natureza? O tipo de pergunta de menino curioso! O técnico do Instituto Félix Pacheco que me desculpe, mas tem cabelo de velhinho que é branco mesmo, branco-omo-total!

Tem muito pelo de animal: o pelo do urso, o pelo do coelhinho da Páscoa, o pelo do porquinho-da-índia. (...) E embora nem o menino marrom nem o menino cor-de-rosa jamais tivessem visto – eles sabiam – tem a neve que é branca, branca.

Aí, os dois chegaram a uma boa conclusão: a coisa mais preta da natureza é o carvão e a mais branca é a neve. (...) Como, porém, os dois acharam que assim estava bom, fica assim. E ficou também acertado que gente branca, branca mesmo, também não existe. A não ser em histórias para crianças, como aquela da Branca de Neve e os sete anões.

E quando os dois chegaram em casa, estavam encantados com uma nova descoberta: o mundo não é dividido entre pessoas brancas e pretas. Mesmo porque elas não existem. O que existe – que boa descoberta! – é gente marrom, marrom-escuro, marrom-claro, avermelhada, cor de cobre, cor de mel, parda, castanha, bege, flicts, creme, marfim, amarelada, ocre, café-com-leite, bronze, rosada e todos esses nomes e cores.

Ziraldo, O menino marrom.

Depois da leitura do texto, levei um espelho para a sala e, um de cada vez, os alunos se observaram e procuraram identificar nos painéis os tons mais próximo de pele, olhos e cabelos.
A primeira atividade foi produzir um autorretrato usando desenho no papel, com o objetivo de analisar se os conteúdos da aula foram compreendidos pelos pequenos.
 





Propus então a atividade do "Autorretrato no prato", ou seja, a criação do retrato de cada um sobre um pratinho de papelão. Primeiro fizemos misturas de tintas até chegar aos tons aproximados das cores de pele, e as crianças pintaram então seus pratinhos como se fosse o rosto.
Como não tenho materiais à disposição em minha nova escola, foi preciso improvisar. Gosto de usar papéis coloridos e EVA, mas como só tinha sulfite, os olhos e boca foram desenhados e pintados pelas crianças com as cores que eles já tinham identificado.


O passo seguinte foi cortar e colar os cabelos, feito com lã em cores próximas aos dos alunos.

 

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